quarta-feira, 22 de julho de 2009

Editorial
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ALGO A COMEMORAR COM
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O MEIO AMBIENTE?
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Antonio Ferro
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A grande aposta que o governo brasileiro faz na força do petróleo do pré-sal para impulsionar a economia do país e figurar-se como um dos principais atores da cena mundial dos combustíveis fósseis, nos revela duas grandes incongruências na realidade em que vivemos. Primeiro, porque a dependência pelo dito ouro negro na matriz energética dos transportes em tempos de grande preocupação ambiental, sem ao menos instituir políticas mais agressivas para a diminuição da poluição – diga-se em medidas para que os motores de combustão interna emitam índices reduzidos de emissões tóxicas – mostra a incapacidade e a fraqueza da gestão administrativa pública em não obrigar o setor automobilístico a se enquadrar nos avanços encontrados em outras partes do globo – vamos dizer Europa. Em segundo lugar, o não aproveitamento das alternativas energéticas que aqui se encontram – agora falo no transporte coletivo – e pela total falta de investimentos em tecnologias há muito tempo formadas em outros países, de maneira compatível e ampla, nos relega ao atraso para se alcançar o bem-estar coletivo.

Observa-se agora um grande número de exemplos em proporcionar uma alteração dos ônibus tradicionais em veículos com baixo impacto, utilizando-se ainda elementos complementares, como filtros de partículas, para se alcançar níveis reduzidos de poluição. Consagradas marcas mundiais já lançaram mão de seus testes operacionais na busca por soluções mais limpas, como a experiência híbrida. Alguns desses nomes de peso, que também sem encontram em nosso setor de transportes, promovem lá fora provas de campos que visam um transporte público adequado ao nosso tempo. Por que isso não ocorre por aqui? Por que esses mesmos nomes consagrados não elegem o Brasil como laboratório para suas pesquisas veiculares? O que falta para incentivo governamental e atitudes pioneiras na promoção dessas tecnologias que a todos beneficiam, clareza nas relações bi laterais? Ao nos apresentar as novidades e seus benefícios, as empresas podem mudar o conceito do transporte no Brasil. A resposta de praxe pode ser encontrada nos altos custos de investimentos, mas só isso não é suficiente para que seja postergada a introdução de algo moderno. Se fosse assim, ainda estaríamos na era da televisão a válvula. Quero um argumento convincente dos envolvidos.

O conteúdo das linhas acima não representa a idéia de um radicalismo exacerbado ou então palavras de um eco-chato. Apenas é minha visão para tentar modificar ou ver modificado um ambiente já contaminado, sem a menor idéia de qualidade, para que a sociedade possa sair dessa com algum crédito.

Um comentário:

  1. Obama salvou Chrysler e GM, o Brasil abandonou Gurgel e Miura; Merkel tem um Maybach como carro oficial, Lula tem um Holden Ômega; Portugal é minúsculo e está implantando uma rede nacional de recarga para carros eléctricos, o Brasil é planetário e nem todas as cidades têm postos comuns de gasolina. Não vou dizer inocentemente que lá fora não há corrupção, mas há vontade de resolver os problemas, aqui ainda se pergunta "O que eu ganho com isto?". Palavra de quem trabalhou por anos bem (mais) próximo (do que gostaria) à classe política.

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