Com o advento dos sistemas BRT, o chassi K270 revela-se uma ideal opção de uso.
Scania/Divulgação
As boas práticas do transporte urbano de passageiros exigem, no mínimo, a utilização de veículos caracterizados pelo padrão de cada tipo de operação. E ganha exposição nos últimos anos uma versão de chassi para ônibus urbano com tecnologia embarcada e definido como uma opção meio-termo entre os veículos de maior porte, acima dos 18 m de comprimento – hoje já temos a opção de articulados com mais de 20 m – e os modelos de menor proporção, com até 13 m de encarroçamento. O chassi K270 6x2*4 com a opção de piso normal ou baixo, foi desenvolvido pela Scania para otimizar o custo operacional e transportar mais passageiros que os modelos convencionais (130 ao total, dependendo da configuração interna), onde a demanda de passageiros não exige um veículo articulado, mas que não comporta o uso de um modelo tradicional. “O objetivo do veículo 15 metros é se situar entre uma demanda de ônibus de 12 metros e os articulados. Com capacidade em torno de 130 passageiros (dependendo da configuração da carroceria), impacta diretamente na relação custo/benefício, pois a capacidade é semelhante ao veículo articulado, por um custo muito inferior, tanto de aquisição, quanto de operação. Na operação o modelo com 15 metros não se torna inviável em períodos fora do horário de pico, como os articulados”, disse João Paulo Ribeiro Dionelo, da Engenharia de Vendas da Scania do Brasil.
Modelo lançado na Europa em 1997
O conceito de ônibus com 15 m de comprimento surgiu na Europa no ano de 1997. No Brasil ele foi apresentado em 2001 como L94 IB 6x2*4, resultado de uma parceria entre a montadora e a SPTrans, órgão gerencial do transporte coletivo em São Paulo. Algumas unidades do inovador chassis foram testadas depois, através de autorizações especiais, em algumas capitais brasileiras. Mas somente em 2004, após a homologação autorizada pelo Contran (Conselho Nacional de Trânsito), é que sua operação comercial foi possível. Antes dessa data, um ônibus urbano teria comprimento máximo de até 14 m. O chassi traz inúmeros aspectos inovadores, elementos que promovem no encarroçamento facilidades de embarque e desembarque, no conforto dos passageiros e na perfeita operação. “Um grande diferencial desse veículo é o eixo de apoio (terceiro eixo) direcional, que interage com o eixo dianteiro através de um sistema hidráulico movendo-se em sentido inverso, diminuindo o raio de giro, facilitando as manobras e minimizando o desgaste dos pneus, devido ao menor arraste do último eixo”, enfatizou Dionelo. Outro importante dispositivo presente no chassi é a sua suspensão pneumática eletrônica (ELC – Controle Eletrônico de Nível que levanta ou rebaixa a carroçaria em até 10 cm), com gerenciamento e controle de elevação da altura do veículo, ajustando adequadamente o nível do chassi, o que proporciona facilidade na transposição de obstáculos e permite acesso mais rápido ao interior do ônibus.
Possibilidade de variado layout interno, como este escolhido pela Metra, com piso baixo.
Até agora já foram comercializados 230 unidades do modelo. A região metropolitana de São Paulo foi a beneficiada com o volume total. Para o executivo da Scania, outras cidades do Brasil avaliam a operação deste de tipo de ônibus em seus sistemas de transporte coletivo, mas a prevalência é por veículos com motorização dianteira e transmissão mecânica. “A tendência é que no futuro as cidades comecem a ofertar um transporte de maior qualidade e os veículos mais especificados tendem a ter maior participação e o K270 alcança inúmeras vantagens, como a alta capacidade de passageiros, com conforto (suspensão pneumática, piso baixo, ajoelhamento, caixa automática) e economia de combustível (melhor que o articulado)”, citou Donielo. Ele também revelou que há um forte desejo de outros países pelo veículo, como no sistema de Bogotá, o Transmilenio, porém por motivos de homologação ainda não é possível sua comercialização. “Ainda não há liberação para aquele país, mas esforços dos órgãos gestores estão sendo feitos para que o prazo de liberação sejam os menores possíveis”, comentou ele. O K270 é equipado com o bloco DC9 12 270, desenvolvendo 270 hp e torque máximo de 1.250 Nm. São duas opções de transmissão, todas automáticas – com 5 ou 6 velocidades. No painel de instrumentos, uma unidade eletrônica informa ao motorista sobre a carga em cada eixo do veículo, evitando deterioração da suspensão e aumentando a segurança.
Primeira empresa brasileira a adquirir o modelo de chassi com 15 metros, a Viação Santa Brígida, operadora da área oeste na capital paulista, possui 50 unidades do veículo encarroçadas pela Caio Induscar, sendo 25 com piso baixo. Segundo Itamar Lopes dos Santos, Gerente Executivo Planejamento e Manutenção da empresa, a operação com esse tipo de ônibus apresenta fatores favoráveis, como a facilidade de manobrabilidade e o conforto gerado ao passageiro, tanto nas viagens, como nos embarques e desembarques. “Além disso, há a questão do consumo de combustível comparativo entre o K-270 e um modelo articulado, estabelecendo um melhor desempenho ao modelo Scania na ordem de aproximadamente 25%”, revelou Itamar. O executivo ainda ponderou que deve ser levada em conta a maior capacidade de transporte do veículo articulado. A opção da Santa Brígida pelo chassi Scania foi avaliada em função de vários aspectos operacionais, como rotas e características da infra-estrutura viária. “A escolha por determinado modelo é balizado pela rota e viário por onde o veículo mais se compatibilize técnica e operacionalmente, através de suas características, e neste detalhe, em determinadas linhas, o Scania 15m se mostrou favorável em comparação ao modelo articulado”, disse Itamar.
Atuando no corredor metropolitano do ABD, que liga a zona sul à zona leste da capital paulista passando por alguns municípios vizinhos – Santo André, São Bernardo do Campo e Diadema – a concessionária Metra investiu recentemente na aquisição de 40 novos chassis K270 com 15 metros encarroçados pela Caio/Induscar para assegurar o alto nível de qualidade no transporte de seus usuários e que operam em vias exclusivas pelas linhas troncais do sistema, que no ano passado atingiu a marca de 80% de aprovação, segundo a pesquisa da ANTP. Fernando Belarmino, gerente de operação da empresa, destaca a opção por este tipo de chassi, para substituir os veículos mais antigos com 13,20m de comprimento, em função de seus atributos, como a maior capacidade de transporte, o piso baixo para facilitar os embarques e desembarques, o conforto ao motorista e aos passageiros. “Conseguimos beneficiar os passageiros com muitos itens de conforto, como o ar condicionado e o layout interno. Na questão operacional, os modelos K270 de 15 metros conseguem atingir a marca de 1,7km por litro de diesel consumido transportando até 100 passageiros”, revelou Belarmino. Ele ainda destacou que num levantamento realizado pela Metra houve uma inusitada constatação de que muitos passageiros não gostam de se posicionar, em um modelo articulado, sobre a rótula ou no segundo módulo do veículo, resultando assim na escolha pelo chassi K270. Belarmino também explicou que na condução dos veículos a segurança vem em primeiro lugar. “Para dirigir esses veículos nossos motoristas passaram por treinamentos específicos na montadora Scania no sentido de se conseguir a máxima operacional de cada veículo e recebem a cada período outros cursos de reciclagem quanto a segurança e tratamento pessoal”, finalizou ele.
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