segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Do ocidente ao oriente, os ônibus híbridos ganham espaço


Por Antonio Ferro

Seattle e Istambul, cidades que resolveram mudar o conceito de transporte público adotando o ônibus híbrido como uma solução transitória.

Localizada no extremo noroeste dos Estados Unidos (Estado de Washington), próxima a fronteira com o Canadá, Seattle possui um exemplar programa de ônibus híbridos em sua frota de 515 ônibus que atendem a cidade com 600.000 habitantes e a área do condado de King. Por lá, todos os seus híbridos operam em regime de igualdade com outros ônibus a diesel e elétricos (a cidade possui 159 unidades de trólebus) e com exclusividade pelo túnel que corta o centro da cidade (com 2,1 km de extensão). “Começamos nossa operação com ônibus híbrido em 2004, pois necessitávamos de uma alternativa que não emitisse qualquer tipo de poluição no tráfego do túnel que se localiza no centro da cidade”, revelou Todd Gibbs, analista de manutenção de trânsito do King County Metro Transit.


Divulgação

A frota de híbridos de Seattle é formada por 256 unidades, sendo 22 adquiridas no ano passado. Todas as unidades foram produzidas pela New Flyer (modelo DE60 LF articulado) e com sistema híbrido paralelo da GM Allison Hybrid System EP50. O equipamento da Allison é descrito como híbrido dois-modos (paralelo), ou seja, a combinação entre a potência de um bloco a combustão interna menor que os modelos utilizados em ônibus convencionais e o motor elétrico agregado a um sistema de armazenamento de energia (banco de baterias) que se carrega, também, a cada frenagem do veículo. Segundo informa a própria Allison, o controle do sistema seleciona a fonte de potência apropriada ou uma combinação dos dois. Isso traz uma conseqüência positiva, pois reduz as emissões poluentes e diminui sensivelmente o consumo de combustível, ofertando ainda um melhor desempenho e menor nível de ruído.


Segundo Gibbs, da Metro Transit, a economia de combustível com o uso dos ônibus híbridos está na faixa entre 30% e 40% e, após testes realizados por um laboratório independente, constatou-se que o ônibus híbrido de Seattle deixam de emitir 39% de óxido de nitrogênio, 60% de CO, 97% de particulados e outros 75% de hidrocarboneto. A própria Allison declara que seu EP System pode economizar combustível em até 50%, dependendo do ciclo de operação, e reduzir substancialmente as emissões poluentes. No coração do sistema híbrido uma infinita variedade de torque é fornecida para as rodas, permitindo que o motor diesel opere de forma mais eficiente, silencioso e limpo. Para 2010, a Metro planeja investir em um corredor BRT em Seattle e para isso novos ônibus articulados híbridos serão adquiridos.

A Allison também destacou que seu EP System pode ser usado com qualquer combustível e com quase todos os motores eletronicamente gerenciados. Com a grande redução das emissões proporcionada pelo sistema, ao se utilizar um bloco a diesel, pode-se atingir os níveis de emissões determinados pelas agências reguladoras. A marca norte-americana produz dois modelos de seu sistema híbrido – EP40, para ônibus com até 13 m de comprimento e o EP50, para modelos articulados.

Pela Ásia

Há milhares de quilômetros de Seattle, Istambul, na Turquia, está em fase final de implementar o seu novo sistema BRT (Bus Rapid Transit) com a adoção de ônibus híbridos (diesel/elétrico) e comuns. Lá, o sistema Metrobus, idealizado pela IETT (Istanbul Transportation Authority) privilegiará um transporte caracterizado pela rapidez, farta informação aos passageiros, segurança, acessibilidade e com apelo ambiental. Dentre os ônibus adquiridos para realizar o transporte entre os distritos ZINCIRLIKUYU – AVCILAR, distantes 10,5 km e localizados no lado asiático da cidade, estarão 50 inovadores Phileas (com o EP 50 System), desenvolvidos pela holandesa APTS e equipados com o sistema híbrido da Allison. As autoridades da cidade turca querem promover uma melhora expressiva em todo o ambiente urbano, seja pelo lado ecológico ou referente a mobilidade, reduzindo drasticamente os congestionamentos. Com os novos híbridos a expectativa dos executivos da IETT é que cada veículo tenha uma economia entre 25% a 40% no consumo de combustível. A cada dia são transportados 475.000 passageiros pelo novo sistema coletivo de Istambul. O IETT ainda enfatiza o emprego de um sistema de aquecimento da via onde o novo corredor terá sua operação como forma de prevenir o congelamento da mesma no período de inverno. O sistema contará com 25 pontos de parada.


Idealizado como o futuro do ônibus, o Phileas incorpora um design que lembra os bondes modernos, aliado a flexibilidade do ônibus. Cada veículo, bi articulado, possui 26 m de comprimento, sendo construído com material composto, o mesmo usado em aeronaves de grande porte, capaz de suporta a médios impactos laterais, aos efeitos da corrosão e abrasão e de permitir uma sensível diminuição em seu peso. De acordo com a Fundação APTS – Sistemas Avançados de Transporte Público – o Phileas agrupa em um mesmo veículo a flexibilidade e o baixo custo de uma rede de ônibus, com as vantagens e design do bonde e do metrô. É uma solução para congestionamentos e os altos índices de poluição nas médias e grandes cidades ao redor do mundo. Seu design privilegia as viagens, pois tem ampla área envidraçada e linhas externas aerodinâmicas. Outro destaque fica por conta de seu sistema de guia. Todas as rodas são direcionais e montadas com suspensão independente. Completa o conjunto o piloto automático, constituído por um computador que recebe informações de imãs espalhados por toda extensão da via a ser trafegada. A rota a ser cumprida é feita de modo suave e seguro.

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