segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Visão


Choque de evolução

Por Antonio Ferro

Na atual edição do Salão de Detroit, uma das mais expressivas mostras mundiais de automóveis, o tom que se viu na apresentação de novos modelos e protótipos foi que a eletricidade é o combustível da hora e que a tração híbrida revela-se a transição entre a total dependência do petróleo e uma alternativa menos agressiva a nosso meio ambiente. E nos Estados Unidos, campeões em como queimar sem dó o petróleo, o exemplo maior é força de uma mudança de atitude, onde a consciência parece doer nas mentes de seus habitantes e governantes. Mas não se engane se essa bondade venha pela simples forma de altruísmo. É que o ouro negro tem seus dias contados e o ambiente está se tornando insuportável de se viver. Com a chegada de Barack Obama ao poder nesta terça-feira 20 de janeiro, as esperanças se renovam e aumentam, pois em sua política administrativa para os próximos 4 anos a adoção de medidas extremas para mudar a matriz energética naquele país pretende ser uma revolução em termos ambientais. As montadoras não são bobas e já há algum tempo preparam novidades que possam chegar às ruas em um mínimo espaço de tempo. Fato também que deve ser destacado é que elas ainda se encontram na tanga, com o pires na mão após gastarem o que tinham e o que não tinham. Pediram ajuda, mas para receber têm que promover contrapartidas: enxugar seus exorbitantes gastos, com metas agressivas e desenvolver veículos que causem o mínimo impacto ao meio ambiente. Caso contrário, não pinga um centavo. Ainda no tema transportes, dois portos da Califórnia estão investindo U$ 2 bilhões num audacioso projeto para reduzir 45% das emissões poluentes, além de diminuir substancialmente o uso de combustíveis fosseis. São ações para instalar redes elétricas nos terminais para que os navios atracados se conectem e possam desligar os motores a diesel; modernizar os guindastes que manejam a carga para reaproveitar parte da energia gasta; substituir os caminhões de transporte de contêineres por veículos mais modernos e menos poluentes; introduzir rebocadores e caminhões híbridos ou elétricos; e incentivar os navios a usar combustível mais limpo e reduzir a velocidade para entrar e sair dos portos, a fim de diminuir as emissões. Outro exemplo nessa área vem Chicago, que encomendou 900 ônibus articulados híbridos, tornando-se a maior frota mundial com esse tipo de veículo. São ecos da preocupação com o amanhã. E por aqui, no andar de baixo? Enquanto nadarmos contra a corrente, pouco muda. Precisamos sim tomar esse choque de evolução pra ficarmos mais espertos.


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