sexta-feira, 6 de março de 2009

Negócios



Otimismo e cautela redobrada, a estratégia da Marcopolo para 2009



Por Antonio Ferro


No ano em que completará seis décadas de operação, a gaúcha Marcopolo enxerga uma oportunidade para que seu crescimento se mantenha dentro dos parâmetros futuros desenhados por sua administração, apesar das incertezas do cenário conturbado pela crise econômica mundial. Após divulgar seus resultados através do Relatório da Administração e das Demonstrações Financeiras do exercício de 2008 para todos os seus acionistas, a expectativa é atingir uma receita líquida de R$ 2,6 bilhões e produzir 23.000 carroçarias, através de suas plantas no Brasil e no exterior. “Com o arrefecimento do mercado interno, aliado à queda das exportações, a indústria terá que se adequar rapidamente a novos patamares de produção, cujos efeitos serão sentidos principalmente nos primeiros meses de 2009. Ainda que a maioria dos analistas de mercado estime a estabilização econômica e a retomada do crescimento a partir da segunda metade deste ano, as estimativas de evolução do PIB brasileiro em 2009 convergem para um número bastante conservador, abaixo de 2,0%”, disse Carlos Zignani, diretor de relação com investidores da Marcopolo.

Zignani - Perspectiva positiva, mas com cautela para enfrentar a crise em 2009

Mas isso não está sendo encarado como uma barreira no crescimento da marca de Caxias do Sul (RS). A encarroçadora possui treze unidades fabris, sendo quatro no Brasil (três em sua cidade sede e outra em Duque de Caxias - RJ) e nove no exterior (México, Colômbia, Portugal e África do Sul), além das joint ventures na Rússia, na Índia e no Egito, esta última ainda em fase de implantação com previsão de início de operação em julho de 2009. Mantém ainda participação relevante nas empresas SAN MARINO/Neobus (carrocerias para ônibus), SPHEROS (climatização e ar condicionado), WSUL (espumas para assentos), METALPAR da Argentina (carrocerias de ônibus) e na MVC - Componentes Plásticos Ltda. Em 2008, ela teve como market share 32,9% da produção de ônibus no Brasil, num universo de 31.531 carroçarias fabricadas aqui (dados Fabus). Para a Marcopolo, apesar dos números tão significativos na produção de carroçarias para ônibus, a frota brasileira de ônibus apresenta uma idade média avançada, aquém do que um país com dimensões continentais necessita em termos de transporte de passageiros. “Entendemos também que há uma necessidade urgente de implementação de projetos de transporte coletivo urbano a fim de melhorar o escoamento do trânsito nas grandes cidades brasileiras e de renovação de frotas, visando retirar de circulação ônibus ultrapassados substituindo por novos modelos, que dispõem de mais conforto, segurança e causam menor impacto ao meio ambiente”, destacou Zignani.

Prestes a comemorar 60 anos, a Marcopolo quer se fortalecer ainda mais neste ano

Em 2009, a empresa segue confiante nos bons resultados de seus negócios. São vários os cenários positivos previstos pela empresa: o transporte coletivo seguirá sendo o meio predominante nos países de grande densidade populacional e de baixo poder aquisitivo; a idade média avançada da frota de ônibus, tanto no Brasil como nos países em desenvolvimento, necessariamente resultará em uma renovação gradativa; no mercado interno, a volta do financiamento do BNDES de 100,0% para aquisição de ônibus, em um primeiro momento até 31 de março, e o aquecimento do setor de turismo, estimulado ainda mais pela desvalorização do Real, impulsionarão a demanda; ainda, o novo pregão eletrônico do projeto governamental “Caminhos da Escola”, finalizado em fevereiro, proporcionou à Marcopolo um lote de 2.220 unidades do modelo Volare, participar indiretamente de 1.110 unidades de sua coligada Neobus, além de encarroçar parte do lote da VWCO. Após cadastramento das prefeituras, os veículos deverão ser entregues até dezembro deste ano. No que tange o mercado externo, a desvalorização cambial da moeda brasileira continuará trazendo maior rentabilidade às exportações da Companhia.

Fotos - Marcopolo

Na questão de custos de produção e das matérias-primas, segundo a empresa, a alta dos preços das commodities metálicas e dos derivados de petróleo foi interrompida, o que sinaliza uma oportunidade muito bem-vinda neste momento. “A forte demanda por estes produtos ao longo dos últimos anos, basicamente devido à expansão da economia chinesa, levou os preços das commodities a níveis jamais vistos e, consequentemente, comprimiu as margens da Marcopolo. Atualmente, em função do desaquecimento econômico global, há uma menor pressão de custos”, completou o executivo da Marcopolo. Quanto a produção de peças e componentes para atender às suas subsidiárias no exterior, a empresa adotou um processo flexível nesse setor, na qual a fabricação desses elementos pode ser no Brasil e depois exportados ou comprados diretamente de fornecedores locais, o que traz uma enorme vantagem competitiva para a companhia.

Os destaques da Marcopolo

A receita líquida consolidada de 2008 atingiu R$ 2.532,2 milhões, 20,5% superior aos R$ 2.101,1 milhões do exercício de 2007.

A produção mundial da Companhia no exercício de 2008 foi de 21.811 unidades contra 17.807 unidades em 2007, um crescimento de 22,5%. Deste total, 16.365 unidades foram produzidas no Brasil e as demais 5.446 unidades no exterior.

Um comentário:

  1. As declarações até tranqüilizam um pouco, mas me soam meio melancólicas, o que não é para menos.

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